quarta-feira, 4 de abril de 2012

Porto de abrigo - exposição de fotografias

Comissão Europeia
Direcção-Geral da Política Regional
rue Père de Deken, 23
1049 Bruxelles
de 15.3 a 15.4.2012

"Porto de abrigo"
Cidade importante da Gallaecia histórica e esteio fundamental da nação em construção, o Porto criou-se como que a si mesmo, pelo talento dos seus mesteirais, a perspicácia dos seus negociantes, a afeição à urbe e às suas prerrogativas e um provado apego à liberdade, que lhe permitiu, por exemplo, a ousadia de, durante quase três séculos, impedir à nobreza a estadia por mais de 3 noites e de entrar armada intra-muros e ainda de receber em herança um coração de rei reconhecido, ainda hoje conservado.
É muito mais espelho que capital de uma região Norte diversa, com a qual se identifica e de que depende, do viçoso e alegre Minho aos planaltos e montanhas do Trás-os-Montes agreste e genuíno. É ainda o desfecho, apoteótico por sinal, de um rio Douro que, desde Urbión (Soria) vem de escantilhão entre ravinas, a esmigalhar pedra e terra, a aleitar famosas vinhas, e de peito aberto se lança ao Atlântico, em barra tão importante quanto trágica.
É ainda por isso que tripeiro (alcunha antiga dos seus habitantes) “se articula rijamente” com três pês (parafraseando o escritor Ramalho Ortigão): o da própria palavra, o de Porto e o de Portugal.
E desta nossa cidade, o Joaquim Silva Rodrigues, traz-nos um perfume, em jeito de convite, com imagens variadas cujo fio de condutor é o tal aferro, a tal maneira própria que, talvez por ser obstinada na sua identidade, é acolhedora e generosa para com quem a visita.
(autor do texto: Joaquim Pinto da Silva)



"Porto
port de refuge - port d'accueil"
Ville importante de la Gallaecia historique et pilier de la nation en construction, la ville de Porto naquit comme de par elle-même, grâce au talent de ses maîtres artisans, de la perspicacité de ses marchands, de son attachement aux gens de la ville et leurs prérogatives, ainsi qu'à une passion flagrante pour la liberté, qui lui valut, entre autres, l'audace d'interdire à la noblesse, pendant presque trois siècles, de séjourner dans la ville plus de trois nuits, ainsi que d'y pénétrer armée. Cela lui valut également de recevoir en héritage la relique d'un cœur de roi.
Bien plus que la capitale d'une région Nord diverse à laquelle elle s'identifie et dont elle dépend, la ville de Porto est plutôt le reflet du luxuriant et joyeux "Minho" et des montagnes et plateaux de "Trás-os-Montes" rural et authentique. Elle est aussi l'apothéose du fleuve Douro qui, dès Urbión (Soria) se précipite de ravin en ravin, émiette terre et pierres, allaite de fameux vignobles et se jette à bras-le-corps dans l'Atlantique par son estuaire aussi important que tragique. C'est pour cela aussi que le mot "tripeiro" (ancien surnom de ses habitants) est fortement articulé autour de 3 "P" (en paraphrasant l'écrivain Ramalho Ortigão): celui de "Parole", celui de "Porto" et celui de "Portugal".
Joaquim Silva Rodrigues nous apporte un parfum de cette ville, en guise d'invitation, avec des images variées dont le fil conducteur est cette pugnacité, cette façon d'être qui, peut-être à force d'opiniâtreté, est accueillante et généreuse envers ceux qui la visitent.
(Tradução: Rosalina Bernon)